Eu chamo de saudade

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Eu chamo de saudade o rosto que ilustra feito filme em minha memória e me carrega até o berço dos sorrisos tímidos. Eu chamo de medo a mão que me impede de segurar a tua e desenhar na pele os arrepios do desejo. Eu chamo de nostalgia o afago das palavras do ontem sobre o que espero do amanhã. E talvez, somente talvez, esse breve suspirar tenha me ensinado que é preciso falar que é preciso organizar, contar, desenhar. Só assim os pontos se religam. Você acha que entende a bagunça que causa aqui mas eu perco as palavras no meio do olhar que me dirige. Que bom foi te contar sobre o abraço tímido do bem-querer, já que nesses acasos da história os minutos nos apertam. E na mesma maré vieram esperança e questionamentos. E na mesma brisa, você e seus versos. Uma bagunça que segue tirando do lugar a ínfima tranquilidade que aqui reside. O que comumente se esquece é que isso não nos tira do lugar: a linha do tempo desliza, o sentimento se torna decisão, porque quando não se bate o martelo alguém o arranca de nossas mãos. No risco do certo a vida é uma aposta, mas eu sigo sem me importar com as consequências: eu quero o ensaio eu quero as histórias eu quero o penhasco. A gente espera demais o sinal mas o que você teme? Você sabe que mora em cada uma dessas palavras então me abra e arranca de mim essa transparência da qual me cobra, me deixa ser eu e fazer morada no acalento da tua rotina. Me promete tirar das entrelinhas a promessa de não me prometer. Porque eu te prometo respeitar o silêncio, aceitar os trejeitos, cuidar da singularidade, expor as controvérsias, acrescentar no enredo, sustentar o toque, falar do que me dói. Como você chama isso?