Sports
Com os preparativos para a Olimpíada de Tóquio seguindo em frente, apesar das reticências de especialistas diante dos riscos da pandemia, a seleção brasileira de judô começa a fazer as malas em direção ao Japão. Os organizadores tentam passar a mensagem de que os Jogos de Tóquio 2020, o maior evento esportivo internacional desde o início da Covid-19, será seguro para todos. Mas a 20 dias da abertura, as Olimpíadas continuam sendo alvo de críticas, questionamentos nacionais e internacionais e permanecem sem apoio popular. Dezesseis judocas vão representar o Brasil em Tóquio – sete homens e seis mulheres –, sendo que sete concorrentes são estreantes em Jogos Olímpicos. A equipe masculina do Brasil será formada por Eric Takabatake (60kg), Daniel Cargnin (66kg), Eduardo Katsuhiro Barbosa (73kg), Eduardo Yudy Santos (81kg), Rafael Macedo (90kg), Rafael Buzacarini (100kg) e Rafael Silva “Baby” (+100kg). Apenas Buzacarini (Rio 2016) e Baby (Londres 2012 e Rio 2016) têm participações olímpicas em suas carreiras. Rafael Silva subiu ao pódio tanto em Londres, quanto no Rio, conquistando duas medalhas de bronze para o Brasil e tentará fazer história em Tóquio buscando sua terceira medalha. Nas disputas femininas, o Brasil terá Gabriela Chibana (48kg), Larissa Pimenta (52kg), Ketleyn Quadros (63kg), Maria Portela (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg). Mais experiente, o time feminino tem apenas duas estreantes – Chibana e Pimenta – e duas medalhistas olímpicas – Mayra e Ketleyn, que foi a primeira mulher medalhista do Brasil em esportes individuais com bronze em Pequim 2008. Treze anos depois, ela retorna aos Jogos em nova categoria e buscando reescrever sua própria história. Judoca desde pequeno Daniel Borges Cargnin, 23 anos, é um dos jovens judocas que luta pela primeira vez em uma olimpíada. Nascido em Porto Alegre, ele foi prata nos Jogos Pan-americanos em Lima (2019), bicampeão pan-americano em 2019 e 2020 e vice campeão pan-americano em 2017 e 2018. Ele falou à RFI sobre a expectativa de estrear em Tóquio 2020: Apesar de ser minha primeira participação em uma Olimpíada, a minha expectativa é boa, estou conseguindo treinar bem agora. Sinto que estou evoluindo, tanto o meu judô, quanto mentalmente. Estou feliz em saber que vou realizar um sonho, um objetivo. A minha expectativa é a medalha, chegar bem, lutar bem e estar feliz em cima do tatame. Daniel Cagnin fala sobre como a pandemia afetou o seu treinamento: Ah, é bem complicado. O judô é um esporte individual, mas ao mesmo tempo é coletivo, a gente precisa do outro para treinar. Tentei me manter da melhor maneira possível, treinando em casa. Depois, com maior organização, conseguimos fazer uma viagem a Portugal, e a partir daí conseguimos retomar aos poucos, com muito cuidado, os treinos. Claro, de maneira reduzida, mas conseguimos fazer uma boa preparação agora para os Jogos Olímpicos. O judô entrou na vida do atleta muito cedo, como ele conta: Eu era muito pequeno e tinha um amigo de infância. Uma academia abriu perto de onde ele morava, e como a gente fazia tudo junto, acabamos indo. A minha mãe sempre gostou muito de esportes. No início, ela foi uma grande incentivadora – e é até hoje. Ela pesquisava na internet sobre competições, clubes e federações. Ela começou a se interessar e a gente fazia tudo junto. Ela me levava para o judô, para as competições. Então comecei desde pequeno, antes com o meu amigo, depois eu e minha mãe. Ela gostava de jogar vôlei e sabia que praticar um esporte era bom para a saúde, disciplina e formação. Daniel Cagnin considera que os rivais mais perigosos que terá pela frente são asiáticos: Acredito que meus maiores adversários vão ser um japonês e um coreano. É uma categoria bem dura, a de até 66kg. Então, estou treinando duro para lutar seja com quem for. Tóquio 2020 acontece de 23 de julho a 8 de agosto.