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Ida Álvares a ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira, medalha de bronze em Atlanta, conhecida como a “Ida do vôlei”, é hoje também a “Ida do beach tennis”. Morando em Portugal há dois anos, Ida, que se apaixonou pelo esporte quando ainda morava no Brasil, é uma das maiores incentivadoras da modalidade e agora que ajudar a expandir o beach tennis por terras lusitanas. Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal “Comecei a procurar locais que tivesse o beach tennis. As coisas não acontecem por acaso. Achei minha casa aqui na Parede e andava de bicicleta por aqui e encontrei este campo com numa rede de vôlei rasgada , sem ninguém jogando e foi quando percebo que caiu no meu colo, foi um achado!", diz Ida. "Foi um presente mesmo. Fiz um projeto, trouxe pro clube. Passei a administrar pra eles a quadra, eles confiaram em mim e de uma quadra passamos a ter duas. E estão sempre cheias. Gente de todas as idades", acrescenta. O beach tennis entrou na vida da jogadora há cerca de doze anos quando ainda morava em São Paulo.“Conheci o beach tennis em São Paulo, no Pinheiros onde eu jogada futevôlei e vôlei de praia. Um dia vi o pessoal jogando beach tennis e fiquei curiosa. Parecia fácil de jogar, gostoso e resolvi experimentar. Comecei a jogar no clube e um mês depois teve um torneio e fui participar. Perdi de duas senhoras que já jogavam há muito tempo", conta. "Mas vi que eu melhorava a cada vez que pegava na raquete e percebei que eu podia jogar num nível melhor. Comecei a participar de torneios e, metida como sou, me inscrevi logo na categoria A ao invés da categoria para iniciantes. Só perdia, mas vi que era muito fácil melhorar. E aí peguei o vicio", afirma. O "vício" acabou por se tornar a grande paixão da ex-jogadora de vôlei que participou de três mundiais e três Olimpíadas durante a carreira de 27 anos, 12 jogando pela seleção brasileira. “Eu acho esse esporte incrível pela transformação das pessoas, pelo lado social, é a melhor maneira de conhecer pessoas aqui. Aqui eu fiz milhões de amigos aqui em Portugal”, revela. Ida já conquistou muitos adeptos brasileiros que moram em Portugal, mas o objetivo agora é trazer os portugueses para a quadra. “Este é o meu maior desafio não adianta ter só brasileiro aqui. Cada português que chega, eu digo logo 'Nossa bem-vindo!'. O português precisa conhecer este esporte. Um esporte que nasceu na Itália mas que hoje ele mais brasileiro que italiano e eles se apaixonam quando conhecem.” O esporte criado na Itália é febre entre os brasileiros A brasileira Kelly Angeloni, 41 anos, começou a treinar com a atleta há apenas um mês, mas já se rendeu ao esporte que conheceu pela primeira vez quando foi passar férias em São Paulo. “Eu fui passar férias no Brasil e vi que em São Paulo estava uma febre, todo mundo jogando, e vi que era interessante. Reparei em senhoras de sessenta e setenta anos jogando e como nunca fui muito coordenada para nenhum esporte na vida, achei que o beach tennis poderia ser para mim. Quando voltei para Portugal, comecei a pesquisar lugares pra praticar e descobri a Ida aqui com este espaço ótimo e estou amando. É um presente estar aprendendo e treinando com a Ida, que é um exemplo. Todos os brasileiros a admiram. Foi um verdadeiro presente ter encontrado a Ida aqui", garante. Andrea Marino, 51, conheceu o beach tennis em Portugal através da amiga. Para ela, ter a atleta brasileira como mentora é uma experiência ainda mais enriquecedora. “Eu cresci vendo a Ida jogar, essa mulher maravilhosa e agora ela está aqui me ajudando a desenvolver. Ela é paciente, nos incentiva, foca nas nossas deficiências então eu tenho a certeza que eu vou aprender muito", diz. "Depois de tanto tempo trancados por conta da pandemia, estar aqui ao ar livre, com uma distância grande da outra jogadora, tem todo este lado social também que nos faz muito bem. Essa combinação do esporte ao ar livre, convívio, aprender com a Ida, éperfeita. Estou muito feliz”, diz Andrea. Daniel, é de Salvador e viu os amigos jogando e diz ter sido amor à primeira vista pela modalidade. "Eu vi o pessoal jogando ainda no Brasil, pisei na quadra me apaixonei e até hoje sigo jogando. Cheguei em Portugal e comecei a procurar. Achei em Cascais, com a Ida e sigo minha rotina aqui também. O esporte é viciante. A curva de aprendizado é muito rápida. Você pisa na areia e já bate uma bolinha. E’ um esporte democrático, qualquer um pode jogar", afirma, diz o baiano de 36 anos. Beach Tennis: uma mistura de Tênis, Badminton e Vôlei Segundo Ida, o beach tennis é um jogo que não precisa de tantas habilidades como o tênis e o vôlei, e acaba sendo mais fácil para qualquer pessoa aprender. “O beach tennis é uma mistura de vôlei de praia pelo tamanho do campo e a rede ser alta, tem também um pouco do badminton, apesar de eu nunca ter jogado, mas todo mundo fala isso, pois tem uma precisão de colocar a bola muito semelhante, e tem também um pouco de vôlei de praia, jogo curto, fazer a o outro correr e tem um pouco do tênis também. O tenista joga fácil aqui”, explica. "As raquetes são de fibra de carbono e a bolinha é mais murcha, então o jogo não é tão rápido. Não é necessário ter praticado qualquer um desses esportes. Basta querer vir” completa. Aproveitando as Olimpíadas de Tóquio este ano, Ida criou um pequeno torneio entre os praticantes do Beach Tennis em Portugal. “Eu disse ao pessoal, vamos aproveitar o clima olímpico e fazer uma brincadeira. Trouxe minha medalha e todo mundo adorou. A primeira vez que entrei neste campo, eu comprei algumas palavras para espalhar pelas quadras e comecei com amor e gratidão. Depois trouxe os valores olímpicos: amizade, respeito, coragem e falta os outros que que ainda vou trazer”, revela a atleta. História O beach tennis foi criado há cerca de 30 anos na Itália e chegou ao Brasil, mais precisamente, no Rio de Janeiro, em 2008. Hoje, segundo a ITF, a Federação Internacional de Tênis, o esporte tem cerca de 500 mil praticantes em todo o mundo e o Brasil é a segunda maior força no esporte, atrás apenas da Itália. Agora, a atleta brasileira Ida quer dinamizar o esporte em Portugal trazendo campeonatos amadores. “O grande diferencial entre o beach tennis no Brasil e em Portugal é que aqui existem os torneios do ITF e não existe o amador junto. No Brasil tem os torneios dos tops, dos pros do ITF, mas vem o amador junto e esse é o diferencial do esporte. Porque você é tratada como um atleta profissional e, ao mesmo tempo, poder ver seu ídolo jogando e aprende com ele. Lisboa tem um clima bom e mesmo no inverno dá pra jogar, sem nenhum problema. Nos dias mais frios, coloca uma botinha de neoprene e já deu. Eu acredito muito neste esporte em qualquer lugar do mundo”, afirma entusiasmada.