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O carioca Jonathan Maia traz no currículo participações em produções premiadas com o Grammy Latino e trabalhos com Carlinhos Brown, Ivete Sangalo, Seu Jorge e outros ícones da música brasileira. Na próxima semana, ele iniciará uma turnê com o cantor do momento, o americano Tai Verdes. Paralelamente, Maia explora o novíssimo mercado de comercialização de obras digitais NFT (“Non-Fungible Token” ou token não fungível, em tradução livre). Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles Jonathan Maia acaba de criar uma trilha sonora exclusiva para a obra do artista plástico gaúcho Norberto Noschang. Para quem não está ainda familiarizado com a sigla NFT, que tem sacudido o mercado de arte e movimentou US$ 2 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o token é o certificado digital que dá a quem o compra a propriedade ou o direito sobre produtos que estão no mundo virtual, como imagens, fotos, vídeos, músicas, postagens em rede social e obras de arte. A explosão desse mercado em 2021 chamou a atenção de colecionadores de todo o mundo, que estão investindo pesado no setor. Um relatório da empresa de análise de criptomoedas Consensys mostrou que a ausência de renda de artistas durante a pandemia foi um dos catalisadores da exploração desse novo negócio. Maia conta que há muitos anos os artistas acumulam perdas e vê com otimismo essa nova possibilidade de mostrar e vender sua arte. "Antigamente, a gente vivia de venda de disco, de vinil, de música tocando na rádio. Hoje está um pouco mais complicado. Então acredito que o NFT possa ser uma nova oportunidade de a gente conseguir um pouco mais de valorização no mercado. Tenho recebido bastante propostas para compor para novos trabalhos em NFT. Esse primeiro trabalho com o Norberto já está rendendo, sem ainda ter tido um leilão. Só de mostrar para algumas pessoas, empresários e outros artistas, pessoas têm nos procurado e pedido sugestões de músicas, ideias. Acaba um inspirando o outro, e isso é legal". A inspiração Maia mora em Los Angeles há três anos, mas conheceu o artista plástico Norberto Noschang nas areias das praias do Rio de Janeiro. A antiga parceria do futevôlei se estendeu para a arte mesmo agora vivendo longe. Noschang mandou a obra digitalizada para o músico, que encontrou inspiração nos tons da tela para fazer a trilha sonora. "As cores que o Norberto usou, umas cores vivas, me trouxeram uma inspiração bem interessante. Cada tom de cor tem para mim um significado. Por exemplo, o quadro dele tem umas cores amarelas bem fortes, então eu começo a usar acordes quentes, diferentes e tensos. Quando vai para umas cores mais escuras, eu tento usar melodias mais tristes. Então eu tento passar isso na minha música", conta Maia. O carioca é também engenheiro de som e produtor musical. Ele cresceu dentro de estúdios e ajudando a afinar os instrumentos na igreja. Na família dele, a música sempre foi o pano de fundo: pai guitarrista e trompetista, mãe cantora, tio maestro, além de avós e primos também envolvidos com os acordes. Aos 5 anos começou a estudar música com o pai e no ano seguinte já foi para a Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, para aprender violão clássico e contrabaixo acústico. Na adolescência, a Orquestra Villa-Lobos abriu o horizonte de Maia para a indústria fonográfica. Ele começou fazendo trilhas para comerciais, jingles e campanhas políticas. Agora, usa toda a experiência, diferentes instrumentos musicais e técnicas nesse novo mercado de NFT. "Eu usei bastante piano, instrumentos de cordas e quis trazer um pouco da minha raiz brasileira para a música. Então usei um violão de nylon, que significa muito para a música brasileira", explica o artista. Em 2019, Maia participou como engenheiro de gravação do álbum "Reconstrução", de Tiago Iorc, que ganhou o Grammy Latino de Melhor Canção em português. Já em 2020, a estatueta do Grammy Latino veio pela participação em "AmarElo", do Emicida, que foi considerado o Melhor Álbum do ano. A obra Norberto Noschang é conhecido internacionalmente por sua arte abstrata muito colorida e em grandes dimensões, fortemente influenciadas pela formação dele como geólogo. Noschang reúne técnicas de pintura em acrílico sobre tela, digitalização e animação que, segundo o artista, trazem à tona movimentos de uma Terra viva. O artista plástico já participou de mostras pelo mundo, como a do Carrousel du Louvre, em Paris. A obra em NFT de Noschang, com trilha sonora de Maia, será comercializada por meio do NAP Studio. Criado por um coletivo de artistas, este é o primeiro estúdio brasileiro especializado na tokenização de obras de arte.